“Muito Pelo Contrário” é uma peça teatral que aborda os desafios contemporâneos enfrentados pelos homens no que diz respeito às expectativas de gênero e à reconstrução do comportamento masculino. A narrativa foca em Rodrigo, um personagem que personifica as crises e as reflexões necessárias para a mudança em uma sociedade que ainda sustenta muitos conceitos antiquados sobre masculinidade. Através de um enredo que mistura humor e ironia, a peça explora as falências do clássico “macho heteronormativo” e a urgência na formação de um “novo homem” que seja verdadeiramente parceiro e que reconheça suas novas funções sem se vitimizar.
Rodrigo, interpretado por Emilio Orciollo Netto, é um pai de primeira viagem cuja vida é transformada pelo nascimento de seu filho durante a pandemia. As pressões de ser um novo pai em um ambiente confinado levam a uma crise na sua relação com Gabi, sua companheira, com quem percebe que o romance e a alegria de viver a dois parecem ter desaparecido.
A peça segue Rodrigo enquanto ele navega por essas águas turbulentas, questionando suas próprias ações e desejos, em um contexto onde o equilíbrio entre o pessoal e o ético se torna cada vez mais nebuloso.
O cenário da peça, projetado por Mina Quental, é uma representação visual do lar de um recém-nascido, com roupas de bebê penduradas e caixas de armazenamento que formam paredes, simbolizando as barreiras que Rodrigo precisa enfrentar e, possivelmente, derrubar em sua jornada pessoal. Esses elementos cênicos são constantemente manipulados por Emilio, que usa o espaço para destacar as emoções e os desafios de seu personagem.
A trilha sonora, composta por Plínio Profeta, ecoa os temas e emoções da peça, ajudando a aprofundar a conexão do público com a história. As músicas escolhidas não apenas refletem o ambiente e as memórias de Rodrigo, mas também ampliam a ressonância emocional das cenas, permitindo que o público sinta mais profundamente as complexidades de sua experiência.
“Muito Pelo Contrário” não só entretém, mas também provoca e questiona, oferecendo ao público uma chance de refletir sobre as próprias vidas e as estruturas de gênero que moldam a sociedade.