“Muito pelo Contrário” nasceu de uma oportunidade de falar sobre a paternidade, mas fala muito mais
“Muito pelo Contrário” nasceu de uma oportunidade de falar sobre a paternidade, mas fala muito mais

As transformações de um homem machista ao se tornar pai em plena pandemia inspiraram o escritor Antônio Prata a criar a comédia dramática “Muito pelo contrário” que chegou aos palcos do Rio de Janeiro para uma curtíssima temporada de 04 a 23 de outubro de 2023.

A criação da peça partiu de uma conversa do autor com o ator Emilio, que vive esse homem em desconstrução, e que lotou o teatros em São Paulo. Emílio conta mais como nasceu o projeto:

“O projeto nasceu de uma necessidade, de uma vontade minha de falar de paternidade. Eu tinha acabado de ser pai e procurei o Antônio no final de 2017 onde eu tinha visto uma série dele que se chamava “Pais de Primeira” e eu gostei muito e o Antônio escreve muito bem e eu queria falar sobre paternidade, sobre o comportamento masculino, sobre casamento. E aí veio a pandemia, e com a entrada da pandemia a gente acabou colocando toda a ação dramática da peça e o desenvolvimento dela dentro dos dois primeiros anos da pandemia, colocando esse cara dentro de casa junto com a esposa e o filho pequeno de dois anos e obviamente colocando uma lente de aumento nesse cenário que todo mundo passou, com momentos muito difíceis.

Mas que como é característica do próprio autor, o meu personagem lida com muito afeto e bom humor, rindo de nós mesmos. Então é uma peça que fala desse período, de um cara que está em crise no casamento, em crise pessoal e descobrindo a paternidade, tendo que se reconstruir, se reformular. Então é um grande desafio para mim”.

A ideia inicial da peça “Muito pelo Contrário” era falar sobre paternidade apenas, mas o autor Antônio Prata e o ator Emilio Orciollo viram que era impossível tratar do tema sem tocar em outros assuntos. Afinal, o forte ressurgimento do feminismo, a ascensão dos movimentos LGBT. As primeiras décadas do Século XXI colocam em cheque a posição do homem hetero obrigando-o a repensar suas ideias e atitudes, como conta o Emilio:

Crédito das imagens: Blog do Arcanjo

“Com certeza a gente vive numa sociedade estruturalmente machista, preconceituosa, enraizada várias questões que precisam ser faladas e sempre questionadas, e a função do teatro é essa: colocar como uma boa provocação. O meu espetáculo é uma boa provocação, é uma boa reflexão sobre o comportamento masculino machista que aí está. Não é um lugar de fala do homem branco-hetero-cis e sim uma boa reflexão mostrando um cara que tem comportamento machista recorrente e que durante a peça vocês vão ver o que vai acontecer com ele, e ele vai ter que que mudar, porque do jeito que tá não dá para ficar. Então é uma peça que mostra sim, essa figura do ‘esquerdo-macho’, do cara que ‘fala e acontece’ da boca para fora e chega na hora, dentro de casa, as atitudes deles são machista, são preconceituosas e a gente tá quebrando esse cara. É uma boa oportunidade para as pessoas rirem, se identificarem e mudarem o comportamento.”